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História Grande Prémio Histórico |
![]() A tradição do automobilismo na Boavista começa nos anos 20, onde se organizaram durante alguns anos os “quilómetros lançados”. No entanto, a primeira edição deste circuito automóvel com o nome formal de “Circuito da Boavista”, realizou-se em 1931 e teve três singularidades: aconteceu num ano em que foram organizados um total de 8 circuitos em Portugal; para se determinar o vencedor utilizou-se o sistema de “handicap” (à imagem do utilizado no golfe) – pela primeira e última vez no nosso país; e o circuito era constituído por duas longas rectas nas faixas laterais da Avenida da Boavista (devidamente alcatroadas), unidas por duas curvas com um raio de 10 metros. Esta competição foi ganha por Fernando Palhinhas ao volante de um Singer Nine, curiosamente um dos pilotos com maior “handicap”, o que fez com que tivesse apenas que percorrer 30 voltas em vez das 50 definidas para o circuito. Já nos dois anos seguintes, 1932 e 1933, a corrida era ganha por quem percorresse a maior distância no tempo fixo de 90 minutos, divididas em duas categorias distintas: Sport e Corrida.
![]() No ano de 1932, um destaque especial e novidade absoluta a nível nacional, para a participação de uma senhora: D. Palmira Coelho ao volante de um Opel. Já em 1933, evoluções mecânicas e novos modelos de automóveis à parte, os dois grandes atractivos para este “III Circuito da Boavista” foram a concorrência entre os pilotos Vasco Sameiro e Henrique Lehrfeld e a corrida de motos com a participação de 13 motos de origem inglesa, as melhores na época, nas versões de 350 cc e 500 cc.
Já nesta fase, o automobilismo ameaçava tornar-se um evento bastante popular, como comprovava a quantidade de espectadores presentes, entre 10.000 e 12.000.
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![]() O ano de 1950 marcou uma viragem no Circuito da Boavista, que surgiu reconfigurado e redimensionado, com um novo traçado de 7.775 metros, para o qual muito contribuíram a inclusão de novas ruas e estradas, como foi o caso da Estrada da Circunvalação. Além disso, o Automóvel Club de Portugal (ACP), responsável pela organização, alargou os horizontes da corrida atribuindo a esta um cariz internacional, conseguindo com isso a participação de mais e melhores pilotos nacionais e de alguns dos grandes talentos internacionais. Foi então criado o “I Circuito Internacional do Porto”, que rodou na cidade a 18 de Junho de 1950.
Mesmo as “velhas glórias”, que fizeram subir a adrenalina dos espectadores dos anos 30, não foram esquecidas, participando também nesta corrida. Nesta primeira iniciativa internacional há a destacar os factos de a Ferrari se ter estreado no nosso país nesta corrida (com dois automóveis, sendo um deles pilotado por uma mulher: Yvonne Simon), a corrida de motos (realizada no dia anterior à dos automóveis, a 17 de Junho de 1950) nas categorias de 350 cc e 500 cc, e a grande afluência de público, descritos pelo ACP e pela revista “O Volante” como sendo 100.000 e 150.000, respectivamente.
Com tudo isto, o vencedor do “I Circuito Internacional do Porto” foi o italiano Felice Bonetto, ao volante de um Alfa Romeo 412, que, curiosamente, fez os últimos 100 metros sem gasolina antes de cortar a linha de meta. |
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![]() Devido ao enorme êxito da primeira edição, o “II Circuito Internacional do Porto”, realizado a 17 de Junho de 1951, tinha gerado expectativas bastante altas, às quais o ACP correspondeu com um arrojado programa, ainda mais aliciante, em número e em qualidade, com a designação de “I Grande Prémio de Portugal”. Dos cerca de 30 pilotos esperados, 16 eram estrangeiros, demonstrando o potencial e força desta prova a nível externo.
Esta prova foi ganha por um português, Casimiro Oliveira, ao volante de um Ferrari 340, que tinha recebido apenas três dias antes da prova. A registar a presença do Rei Umberto de Itália, exilado em Portugal na época e o número de espectadores, estimados em cerca de 100.000. |
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![]() Com algumas alterações realizadas ao traçado, como a eliminação do funil da Rua da Preciosa e a abertura de uma nova rua – a do Lidador – e não só, como a criação de 4 bancadas, uma tribuna de honra, quatro passereles e cinco parques de estacionamento, o “II Grande Prémio de Portugal” e “III Circuito Internacional do Porto” tornava-se cada vez mais um acontecimento social e de entretenimento.
Infelizmente, a resposta em termos de assistência ficou muito abaixo do expectável, entre 30.000 a 40.000 espectadores. A corrida de motos, que contou com pilotos estrangeiros, foi ganha pelo mesmo concorrente nas duas classes 350 cc e 500 cc, o espanhol Javier Ortueta. Nos automóveis, foi ganha pelo italiano Eugenio Castelotti num Ferrari 225 S, numa corrida onde a Ferrari dominou, pois os 6 primeiros classificados alinharam com carros desta marca.
Apenas neste ano, o uso de capacete se tornou obrigatório. |
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![]() No início deste ano, foi criado o Campeonato Mundial de Marcas, em Sport, ao qual aderiram desde logo os principais construtores. O ACP tomou então uma decisão bastante relevante ao criar uma segunda competição paralela ao Grande Prémio de Portugal, designada por “Taça Cidade do Porto”, destinada a viaturas Sport. A criação desta corrida, de grande projecção internacional, ajudou a consolidar o trabalho dos pioneiros construtores portugueses e estimulou o aparecimento de outros.
O vencedor deste Grande Prémio foi um português, José Nogueira Pinto, ao volante de um Ferrari 250 MM - mais uma vez a marca italiana dominou. Na Taça Cidade do Porto, venceu Francisco Corte Real Pereira, com o seu Alba. Este ano foi particularmente marcado por inúmeros acidentes, felizmente sem grande gravidade. |
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![]() Com a entrada em cena do Circuito de Monsanto (Lisboa), o Grande Prémio de Portugal foi transferido para a capital, ficando o circuito da Invicta com uma designação diferente - “I Grande Prémio do Porto” -, realizado nos dias 26 e 27 de Junho de 1954.
Houve um domínio da Lancia (com os dois primeiros lugares), com o italiano Luigi Villoresi, num D24 a sair vencedor. Na “II Taça Cidade do Porto” o vencedor foi o português Ernesto Martorell, com um automóvel austríaco da marca Denzel, modelo 1500 (marca esta que também conquistou o segundo posto).
Pela primeira vez desde que foi organizado, o Circuito da Boavista deu lucro, sendo a Taça da Cidade determinante para tal. O capacete passou por Regulamento da Prova a ser facultativo nos carros fechados. O campeão do mundo, o italiano Alberto Ascari, participou neste ano embora não tenha conseguido uma boa classificação. |
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![]() Neste ano, num inesperado volte-face, o “VI Circuito Internacional do Porto” acolheu novamente a quinta edição do Grande Prémio de Portugal. Dos 22 pilotos inscritos, 7 eram portugueses e todos estes conduziam carros da marca Ferrari. Dois deles (dos mais reconhecidos), Vasco Sameiro e Casimiro de Oliveira, tiveram a infelicidade de estarem envolvidos em dois acidentes graves, que destruíram quase por completo as suas viaturas. Registou-se ainda a estreia da marca italiana Maserati no Porto, com uma vitória na prova, graças ao piloto francês Jean Behra, que conduzia um modelo 300S. Na Taça da Cidade, quem liderou desta vez foi a marca alemã Porsche, com o português Joaquim Filipe Nogueira (num 550 Spyder) a conquistar a liderança. |
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![]() Em 17 de Junho deste ano, teve lugar a última edição em Sport, na qual apenas estavam inscritos 4 portugueses, pois o ACP já tinha em mente trazer a Fórmula 1 para este circuito.
Voltou à denominação de “Grande Prémio do Porto”, neste caso na sua segunda edição, tendo contado, pela primeira vez, com corridas de motos com side-car, além das habituais de automóveis e motos.
O circuito da Boavista voltou a uma versão mais “económica”: 40 voltas para o GP e 20 voltas para a Taça da Cidade. De destacar ainda, a estreia da marca inglesa Lotus e do piloto Jack Brabham (num Cooper-Climax), bem como a presença de 5 pilotos espanhóis e 3 pilotos suíços, países estes que até à data tinham colocado em segundo plano esta prova. Esta edição ficou marcada ainda pelo domínio, mais uma vez, das marcas italianas: neste caso Ferrari e Maserati (sem a presença das respectivas equipas oficiais, por falta de acordo de verbas com o ACP), com a vitória do espanhol Marquês de Portago, num Ferrari 875.
Na Taça da Cidade, venceu o britânico Roy Salvadori, num Cooper-Climax. |
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![]() A 24 de Agosto de 1958, a Fórmula 1 chegava finalmente a Portugal. Uma estreia acompanhada com a vinda de nomes como Stirling Moss, Mike Hawthorn, Jack Brabham, Graham Hill e a primeira mulher a pilotar um Fórmula 1 – Maria Teresa de Filippis -, entre muitos outros. À época, existiam várias provas extra-campeonato, mas o nosso país teve direito ao pacote completo: o Grande Prémio de Portugal seria a nona prova a contar para os Campeonatos do Mundo de Pilotos e de Construtores (este último instituído pela primeira vez nessa temporada).
O Circuito da Boavista vivia então um dos momentos mais altos da sua história, com toda a euforia que este evento merece. Anunciada pelo ACP e patrocinada pelo piloto argentino Fangio, foi levada a cabo, sem sucesso, uma iniciativa já realizada noutros países e que visava apadrinhar novas marcas e pilotos, chamada: Fórmula Júnior. No entanto, as diferenças entre os 11 automóveis que participaram eram evidentes e a polémica acabou por se sobrepor às potencialidades e aspectos positivos que esta fórmula poderia conter.
Neste ano, Mike Hawthorn e Stirling Moss lutavam de forma acesa pelo título de campeão, com o Porto a assistir a uma emocionante corrida, com Moss a levar a melhor sobre o rival e a manter-se na luta pelo título.
A esta corrida de 1958, segundo relatos da época, terão assistido mais de 100 mil pessoas, e dela constando história curiosa. Hawthorn falhou a travagem na saída de Antunes Guimarães para o Lidador e não conseguiu pôr o seu Ferrari a trabalhar. Tentou empurrá-lo no sentido do Circuito, mas era a subir, por isso, virou o carro ao contrário e, aproveitando a ligeira inclinação, conseguiu finalmente pôr o motor do Ferrari a funcionar. No final, os Comissários Desportivos investigaram a possibilidade de ter havido uma violação do regulamento, porque empurrar o carro contra o sentido do circuito era proibido, resultando na desclassificação do britânico. Stirling Moss testemunhou dizendo que Hawthorn empurrara o Ferrari fora da pista e, graças a esse testemunho, Hawthorn acabou por vencer o Campeonato do Mundo, com um ponto de vantagem sobre Moss.
Este gesto de Moss no Porto ficou na memória de todos como um dos grandes gestos grandiosos da história do automobilismo mundial.
De registar ainda a presença, no Porto, do então herdeiro ao trono de Espanha, o jovem Juan Carlos, futuro Rei de Espanha, neste evento. |
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![]() No início da década de 60, o Circuito da Boavista recebeu o “IX Grande Prémio de Portugal”, prova que marcaria a despedida do circuito dos palcos do automobilismo nacional e internacional. Ainda assim, pode dizer-se que foi uma despedida em grande, pois os espectadores tiveram o privilégio de assistir à quinta vitória consecutiva de Jack Brabham nesse ano, a qual se traduziu na conquista antecipada do seu segundo título mundial. Depois do acidente na Bélgica, Stirling Moss participou no GP de Portugal, tendo sido desclassificado por ter circulado em sentido contrário (no mesmo local em que Hawthorn se despistou e muito provavelmente por fazer o mesmo tipo de acção). Mas Moss, primeiro pelo seu intocável comportamento e depois por ainda não se encontrar no melhor da sua forma física, aceitou sem sequer argumentar.
O primeiro piloto português, Mário Araújo “Nicha” Cabral, teve neste ano a segunda oportunidade de pilotar o seu Fórmula 1 em Portugal, mas acabaria por desistir devido a uma avaria técnica. |
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![]() Depois de 45 anos sobre as últimas glórias vividas no Circuito da Boavista, a paixão pelas máquinas, o cheiro e o barulho dos motores, voltaram finalmente ao Circuito da Boavista. Venceu a vontade de um grupo de homens que pelo desporto automóvel fez mover montanhas, permitindo pôr de pé um projecto de âmbito nacional e internacional: o Grande Prémio Histórico do Porto de 2005.
Passadas as 3 primeiras edições - 2005, 2007 e 2009 -, este evento faz não só as delícias dos amantes de corridas e de carros, mas também de todos que não querem perder a oportunidade de ver a cidade ainda mais cheia de vida e charme, num reencontro com o seu passado, fortemente marcado pelo ritmo e pela animação de um acontecimento único: o “Melhor acontecimento de desporto automóvel de 2005”, como foi descrito.
A Câmara Municipal do Porto teve, através do se Presidente, o Dr. Rui Rio, um papel fundamental para que o sonho passasse a realidade. As raízes da estrutura física mantiveram-se na zona da Boavista e Circunvalação, onde foram construídas novas infra-estruturas para o efeito. Foram, e são, meses de trabalho para que o Circuito da Boavista possa receber, a cada dois anos, bólides das mais variadas classes, desde os HGPCA F1 Pré-1961 – Motor Dianteiro, HGPCA F1 Pré-1966 – Motor Traseiro, Pré-War Motor Legends, HGPCA GT/Sport – Travões de Tambor, Lurani Fórmula Júnior, Gentleman Drivers GT and Sports Enurance, Gentleman Drivers Sports Racing Challenge, Sports Racing Masters (Protótipos até 1964), Touring, GT e Sports Classics (Clássicos até 1981), o World Sports Masters (GT e Protótipos até 1974, ex-Le Mans), e o Grand Prix Masters (F1 Pré-1978), bem como o Seat Leon Celebridades, o Troféu Datsun, o Campeonato Nacional de Clássicos Velocidade, o Troféu Nacional de Clássicos Velocidade e, a finalizar, o Masters GT/Taça FPAK.
De 8 a 10 de Julho de 2005 as emoções estiveram ao rubro, e muitos foram os pilotos que marcaram épocas passadas, que não quiseram faltar à chamada e sentir de novo a adrenalina de disputar uma prova inesquecível, bem como o público presente que tem desde sempre estado à altura do evento, enchendo as bancadas e áreas circundantes.
Uma das mais espectaculares classes em prova foi HGPCA F1 Pré-1961. Embora não fossem os mais rápidos, os Maserati, Bugatti, Cooper e Alfa Romeo que estiveram no GP Histórico do Porto não deixaram ninguém indiferente. Aliás, muitos já tinham corrido na Boavista nos idos anos 50. Os participantes no HGPCA F1 Pré-1966 foram igualmente alvo de muitas atenções, sendo que Michael Schryver aos comandos do mesmo Lotus 18, conseguiu finalmente o triunfo que John Surtees havia deixado fugir neste circuito em 1960. |
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![]() Depois do sucesso alcançado com a edição anterior, que marcou o regresso do Grande Prémio Histórico à cidade do Porto, 2007 acrescentou uma grande variedade de provas e um crescendo, só possível pela notoriedade conseguida na edição anterior. Com esta visibilidade, também tornou possível alargar o evento a dois fins-de-semana consecutivos em Julho.
O Circuito foi entretanto melhorado, com algumas obras de beneficiação que visaram aumentar a segurança e a competitividade, de forma a permitir a realização de mais e melhores provas, como foi o caso do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC).
As inscrições para as restantes corridas bateram números record e o público aderiu mais uma vez em grande número (mais de 112.000) a este evento, provando que as competições de automóveis antigos despertam grande interesse e que não são provas de segundo plano, como alguns poderiam, erradamente, pensar.
Todo este trabalho e esforço realizado, foi premiado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) com o Certificado oficial de Homologação do Circuito da Boavista (Grau 4), permitindo a realização de diversas provas neste circuito citadino. |
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![]() Mais uma vez realizado em dois fins-de-semana consecutivos, 3 a 5 de Julho e 10 a 12 do mesmo mês, o Circuito da Boavista registou, neste ano, mais de 200 mil espectadores, que encheram as bancadas e visitaram a cidade, atestando a proporção de um espectáculo inigualável na sua própria dimensão mediática. A transmissão em directo do acontecimento para todo o mundo, através da Eurosport, permitiu tanto à cidade como ao próprio país uma forte visibilidade e uma projecção à escala global. Mais uma vez este evento foi um sucesso a todos os níveis, continuando a chamar toda a atenção para este Circuito único que durante largos anos esteve esquecido. |

Entry List 2013
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#12 Yvan MULLER(FRA)
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#3 Gabriele TARQUINI(ITA)
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#17 Michel NYKJÆR(DNK)
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#14 James NASH(GBR)
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#1 Rob HUFF(GBR)
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#5 Norbert MICHELISZ(HUN)
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#15 Tom CORONEL(NLD)
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#23 Tom CHILTON(GBR)
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#9 Alex MACDOWALL(GBR)
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#74 Pepe ORIOLA(ESP)
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#18 Tiago MONTEIRO(PRT)
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#25 Mehdi BENNANI(MAR)
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#38 Marc BASSENG(DEU)
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#10 James THOMPSON(GBR)
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#73 Fredy BARTH(SWZ)
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#26 Stefano D'ASTE(ITA)
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#6 Franz ENGSTLER(DEU)
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#7 Charles NG Ka Ki(HKG)
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#55 Darryl O'YOUNG(HKG)
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#11 Aleksei DUDUKALO(RUS)
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#13 Jean-Philippe DAYRAUT(FRA)
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#19 Fernando MONJE(ESP)
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#20 Hugo VALENTE(FRA)
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#22 Tom BOARDMAN(GBR)
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#37 René MÜNNICH(DEU)